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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
15
mar 2015
domingo 16h00 Recitais Osesp
Recitais Osesp: Antonio Meneses e Arnaldo Cohen


Antonio Meneses violoncelo
Arnaldo Cohen piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Robert SCHUMANN
Cinco Peças em Estilo Folclórico, Op.102
Frédéric CHOPIN
Sonata para Violoncelo e Piano em Sol Menor, Op.65
Johannes BRAHMS
Sonata nº 2 para Violoncelo e Piano em Fá Maior, Op.99
INGRESSOS
  Entre R$ 71,00 e R$ 92,00
  DOMINGO 15/MAR/2015 16h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

Exceto por um quarteto com piano de juventude, escrito em 1828, toda a produção de música de câmara de Schumann centrou-se no período entre 1842, ano prolífico, e 1853. Schumann havia dedicado uma década exclusivamente ao piano (1829-39), um ano ao Lied (1840) e outro à sinfonia (1841); só depois veio a música de câmara. Primeiro, quartetos, quintetos e trios, de natureza mais clássica, seguidos, a partir de 1849, de peças explicitamente mais livres, mais românticas: Adagio und Allegro, Op.70, Phantasiestücke, Op.73 e 88, Três Romances, Op.90, ou as Cinco Peças em Estilo Folclórico, Op.102, a única obra do compositor especificamente escrita para o duo violoncelo e piano que chegou até nós (a outra, um conjunto de Cinco Romances escritos em 1853, foi destruída por Clara Schumann em 1893).


As Peças em Estilo Folclórico, escritas poucos dias antes de a Revolução eclodir em Dresden, onde os Schumann então viviam, representam a ligação do compositor com as raízes populares germânicas e consistem em curtas peças de concepção simples, mas de enorme lirismo e beleza. A obra foi dedicada ao violoncelista da orquestra do Gewandhaus de Leipzig Andreas Grabau (1808-84), que, juntamente com Clara, a estreou perante um público restrito no dia 8 de junho de 1850, dia do aniversário de Schumann.


Escrita entre 1845 e 1846, a Sonata Para Violoncelo e Piano em Sol Menor, Op.65 foi a última obra de envergadura de Frédéric Chopin, a última a ser publicada durante a sua vida e, a julgar pela considerável quantidade de esboços que deixou, muito possivelmente a que mais trabalho lhe deu. Se nenhuma obra de Chopin deixa o piano de fora — a esmagadora maioria da sua produção é aliás dedicada ao piano solo —, o violoncelo foi o único outro instrumento ao qual o compositor dedicou algumas obras, como a Introduction et Polonaise Brillante, Op.3, de 1829-30, o Grand Duo Concertante, de 1832, escrito juntamente com o célebre violoncelista Auguste-Joseph Franchomme (1808-84), e a Sonata Para Violoncelo e Piano em Sol Menor, Op.65, dedicada ao mesmo violoncelista.


Dividida em quatro andamentos, a Sonata revela a preocupação do compositor em criar um discurso musical coerente, tematicamente coeso, com motivos curtos e inter-relacionados e equilibrado no que toca à interação dos dois instrumentos. O andamento inicial é o mais complexo e foi o que deixou mais pessoas perplexas à época. De grande densidade, baseia-se em duas áreas temáticas distintas, mantendo sempre um caráter melancólico e emocionalmente desconsolado, espelho musical da iminente separação de Chopin e George Sand. O “Scherzo”, de sabor eslavo, alterna com um trio dominado pelo canto do violoncelo. O andamento lento, “Largo”, de ambiente noturno e imensamente lírico e melancólico, revela a faceta belcantista do compositor. O “Finale”, em forma de rondó, caracteriza-se por um diálogo permanente entre os dois instrumentos e uma progressiva intensificação dinâmica e emocional.


A Sonata foi estreada (sem o andamento inicial) em 16 de fevereiro de 1848 por Franchomme e Chopin, no último concerto público que este deu em Paris, na Salle Pleyel.

 

Johannes Brahms é habitualmente considerado o guardião da tradição entre os grandes compositores do Romantismo; o mais clássico dos românticos. Como escreveu André Tubeuf, Brahms “é o primeiro músico que se sabe e se quer nascido herdeiro, depositário e guardião de um patrimônio”.1 De fato, numa altura em que muitos compositores adaptavam as respectivas linguagens a novas exigências estéticas, com fortes influências extramusicais, Brahms manteve, ao longo da vida, uma imutável ligação estilística com os mestres e os formatos do passado, assim como com o trabalho musical puro. Como escreveu Brigitte François-Sappey: “Centrada na concentração do material, na coerência interna, a música de câmara de Brahms não denuncia nenhuma fonte literária, somente reminiscências populares, austríacas ou ciganas”.2 As suas sete sonatas em duo (piano com violoncelo, violino, clarinete ou viola) são sintomáticas desse posicionamento criativo, ancorado nos formatos tradicionais. Há que se sublinhar, todavia, que, não obstante tal posicionamento, Brahms foi um dos mais geniais e originais criadores da sua época.

 

Depois de ter escrito para piano e violoncelo uma primeira vez entre 1862 e 1865 (Op.38), Brahms só volta ao formato mais de duas décadas depois, em 1886, com a Sonata nº 2 Para Violoncelo e Piano em Fá Maior, Op.99. O caráter sinfônico da música nesta segunda investida é perceptível desde os primeiros compassos, o que dá total razão à célebre fórmula de Schumann segundo a qual as obras instrumentais de Brahms são “sinfonias disfarçadas”. A verdade é que, nos anos que separam a composição das duas sonatas, o compositor escreveu suas quatro sinfonias, o que pode explicar o caráter explicitamente mais orquestral da linguagem da Sonata em Fá Maior.

 

O “Allegro Vivace” inicial é de enorme intensidade, ora exuberantemente lírico, ora mais sombrio e misterioso, ou ainda leve e jovial. É seguido por um “Adagio Affettuoso” de caráter nobre e contemplativo, quase atemporal, em que o violoncelo tem amplo espaço para mostrar toda a sua profundeza e qualidade tímbrica. Os dois últimos andamentos, marcados respectivamente “Allegro Appassionato” e “Allegro Molto”, trazem de volta ímpeto e fogosidade.
FRANCISCO SASSETTI foi programador de música no CCB, em Lisboa, e, atualmente, é responsável pela comunicação da Gustav Mahler Jugendorchester, em Viena. É colaborador regular da Fundação Calouste Gulbenkian, do CCB e da Casa da Música do Porto.


1. Tubeuf, André. L’Offrande Musicale. Paris: Éditions Robert Laffont, 2007, p. 168.
2. François-Sapp ey, Brigitte. La Musique Dans l’Allemagne Romantique. Paris: Fayard, 2009, p. 397.

ROBERT SCHUMANN 
Cinco Peças em Estilo Folclórico, Op.102 [1849]
- Vanitas Vanitatum: mit Humor [Vaidade Das Vaidades: Com Humor]
- Langsam [Lentamente]
- Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen [Devagar, Com Bastante Som]
- Nicht zu rasch [Não Rápido Demais]
- Stark und markiert [Forte e Marcado]
15 MIN


FRÉDÉRIC CHOPIN 
Sonata Para Violoncelo e Piano em Sol Menor, Op.65 [1845-6]
- Allegro Moderato
- Scherzo
- Largo
- Finale
30 MIN
______________________________________
JOHANNES BRAHMS 
Sonata nº 2 Para Violoncelo e Piano em Fá Maior, Op.99 [1886]
- Allegro Vivace
- Adagio Affettuoso
- Allegro Appassionato
- Allegro Molto
30 MIN