Tom Zé

Tom Zé

Pequenos detalhes sempre mexeram com a cabeça de Antonio José Santana Martins, nascido em 11 de outubro de 1936, em Irará, interior da Bahia. Numa gaitinha, descobriu a maravilha de converter sopro em som e conseguiu tirar algumas poucas notas de Asa branca. Aos 17 anos, descobriu o violão e sua vida mudou.

Ainda na adolescência, descobriu Os sertões, de Euclides da Cunha, que lhe mostrou com uma amplitude nova o que eram ele e a gente do Nordeste do Brasil, assumindo uma importância definitiva no seu pensamento. Logo depois a música se tornou mais central em sua vida e ele compôs uma canção para o filme Jana e Joel, enquanto ainda morava em Irará.

Em 1 968, em São Paulo, Tom Zé foi levado por Caetano a Guilherme Araújo, empresário do chamado “grupo baiano”. Guilherme sugeriu que ele, ainda conhecido pelo apelido de infância Toinzé, adotasse o nome artístico de Tom Zé. Nesse ano, o artista venceu o 4oº Festival de Música Popular Brasileira com a canção São São Paulo meu amor, ganhando ainda o prêmio de melhor letra com 2001, parceria com Rita Lee que recebeu a interpretação dos Mutantes.

Ainda em 68, Tom Zé lançou seu primeiro disco epônimo, subtitulado Grande liquidação, composto entre abril e junho. O Tropicalismo permitiu que Tom Zé levasse para o movimento sua forma de compor, sua ruptura de padrões, que juntavam o folclore riquíssimo do sertão baiano, um certo primitivismo atemporal e uma elaboração extremamente avançada, à frente de seu tempo. 

A renomada companhia de dança brasileira, o Grupo Corpo, tem dois brilhantes trabalhos de Tom Zé entre suas trilhas sonoras especialmente compostas: Parabelo (parceria com José Miguel Wisnik, 1 997) e Santagustin (parceria com Gilberto Assis, 2001).

Em 2022, Tom Zé lançou disco incluído para crítica entre os melhores do ano, Língua Brasileira, calcado na trilha sonora da peça homônima de Felipe Hirsch. Também em 2022 foi eleito para a Academia Paulista de Letras.

Tom Zé já é autor dos livros Tropicalista Lenta Luta e Cidades do Brasil – Salvador, participando também do multiautoral Ilha Deserta, selecionando os discos que levaria consigo para uma situação de isolamento. São trabalhos verbais insólitos, condição que caracteriza o que o artista faz.

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