ERNESTO NAZARETH [1863-1934]
Tenebroso
3 MIN
Resignação
4 MIN
TIA AMÉLIA [1897-1983]
Bordões ao Luar
3 MIN
RADAMÉS GNATTALI [1906-88]
Canhoto
3 MIN
GUINGA [1950]
Di Menor
3 MIN
ANDRÉ MEHMARI [1977]
Suíte Improvisada Sobre Temas de Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal
10 MIN
Estudos Intervalares Brasileiros Para Pianistas
CHORO-CANÇÃO (SEXTAS)
XOTE (SEGUNDAS)
VALSA BRASILEIRA (OITAVAS)
MARACATU (QUINTAS)
TOADA (TERÇAS DOLENTES)
BAIÃO-TOCATA (UNÍSSONO)
FINALE (IMPROVISO SOBRE TEMAS SUGERIDOS PELO PÚBLICO)
20 MIN
Estudos Brasileiros
O Brasil é mesmo um caso a ser estudado a fundo, e meu instrumento de investigação principal é o piano e sua escrita. Aliás, o piano é um espelho cultural dos mais representativos no tocante à miscigenação musical em nosso país desde os tempos do visionário Ernesto Nazareth, também presente ao longo de todo este programa, direta e indiretamente.
Cada um dos pequenos estudos se concentra em um intervalo específico (segundas, terças, quartas, quintas, sextas e oitavas) e em um gestual melódico-harmônico típico de alguns estilos consagrados da música brasileira, como o choro-canção, a valsa de esquina, o maracatu, o xote e a toada. O improviso tem espaço discreto neste conjunto de pequenas peças, mas variações e expansões são muito bem-vindas.
O tal do Improviso (algo tão nosso por natureza ou necessidade) de fato ganha espaço e corpo neste recital na Suíte Improvisada Sobre Temas de Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal, dois dos maiores criadores contemporâneos brasileiros em qualquer esfera artística. Os temas serão reorganizados em uma suíte improvisada, estabelecendo pontes espontâneas entre os dois músicos e suas obras carregadas de rica matéria-prima para criação em tempo real.
Complementam o programa obras de Radamés Gnattali (Canhoto), Guinga (Di Menor) e Tia Amélia (Bordões ao Luar), que têm em comum o flerte “interidiomático” divertido entre as teclas do piano e as cordas do violão, talvez o instrumento que melhor represente a brasilidade cordial desde sempre.
Por fim, o pianista quer também estudar sua plateia e convida o público presente a sugerir temas para uma criação que represente o momento sagrado do encontro entre artista e ouvinte. Dessa forma, estão todos (artista e público, passado e presente) na mesma página viva deste estudo brasileiro.
ANDRÉ MEHMARI