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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
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SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
29
nov 2015
domingo 16h00 Câmara Osesp
Orquestra de Câmara da Osesp: Lee Mills


Orquestra de Câmara da Osesp
Lee Mills regente


Programação
Sujeita a
Alterações
Flo MENEZES
Grand Écart
Anton BRUCKNER
Sinfonia para Cordas [Quinteto em Fá Maior, WAB 112 em Arranjo de Meirion Bowen]
INGRESSOS
  R$ 71,00
  DOMINGO 29/NOV/2015 16h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

 

Composto em 2012 como um balé para 22 instrumentos de cordas repartidos em dois grupos de 11, Grand Écart [Grande Estiramento] fez com que me defrontasse com o universo da dança, em cujo contexto chamou minha atenção a definição de uma das posições-chave do balé clássico.


Écarté (Grand écart). Separado, bem distanciada uma coisa da outra. Écarté é uma das oito direções do corpo, segundo o método de Enrico Cecchetti. Nessa posição, o dançarino coloca-se num dos cantos frontais do espaço. A perna mais próxima da plateia é posicionada na segunda posição à terre ou é suspendida à segunda posição en l’air. O torso é mantido em posição perpendicular. Os braços estão en attitude, com o braço suspendido no mesmo lado da perna estendida. A cabeça é ligeiramente suspendida e voltada em direção ao braço suspenso, de modo que os olhos se dirijam para a palma da mão.1


Interessaram-me aqui o distanciamento extremo dos membros, e também o fato de se tratar de uma das oito direções fundamentais do corpo: na minha obra, duas entidades harmônicas (dois agregados, ou simplesmente acordes), cada qual submetida a distintas compressões de registro, geram oito agregados, do mais estendido e dilacerado no registro das alturas (grand écart) ao mais comprimido, cuja compressão máxima é atingida ao final da peça, numa direcionalidade contrativa que se dá em oito etapas ou Tableaux, cada qual com uma textura sonora bastante distinta da precedente.


O título faz também referência sutil a uma de minhas obras “clássicas” dos anos 1980, Profi ls Écartelés [Perfis Desmembrados], para piano e tape, na qual trabalhei o perfil melódico e sua dilaceração por técnicas harmônicas distintas. Em Grand Écart, faço uso principalmente de minhas projeções proporcionais (técnica pela qual expando ou contraio o registro das entidades harmônicas), e um módulo cíclico (outra de minhas técnicas) é derivado de uma das duas entidades harmônicas principais (oriunda, por sua vez, da fusão das entidades de Pulsares e de Mahler in Transgress, outras obras minhas), constituindo o material intervalar dos solos extremamente complexos dos dois contrabaixos já perto da conclusão da obra. Os dois contrabaixos, que devem ser amplificados, situam-se então fora do corpo orquestral, sobre o palco ou pódio e, no caso da performance da obra como balé, em meio aos bailarinos como únicos instrumentos visíveis.


A escritura de Grand Écart é essencialmente de tipo textural, porém baseada numa clara direcionalidade harmônica. É como se eu tivesse optado por uma escritura para 22 “solistas”, e não propriamente por uma escritura para “orquestra de cordas”.  

 

Minha versão do Quinteto de Cordas em Fá de Bruckner não é uma transcrição direta do original, e sim uma expansão para que ele se transforme numa sinfonia completa para cordas. Essa me pareceu ser a melhor maneira de trazer à tona o potencial dessa obra, de certo modo negligenciada, que foi concebida com a mesma grandiosidade e tem a mesma força expressiva que os trabalhos sinfônicos para grande orquestra do compositor.


Ao usar apenas as cordas, tentei oferecer a mesma variedade de cores e texturas que se encontra nas sinfonias do próprio Bruckner, que vão da intimidade de instrumentos solo até as ricas sonoridades da orquestra completa. Transformar um quinteto numa sinfonia também significou ampliar alguns dos gestos musicais de Bruckner e aumentar seus enunciados, para transmitir um real senso de arquitetura sinfônica.


Para o segundo movimento, escolhi usar o “Intermezzo” escrito por Bruckner, que me parecia mais orquestral, no lugar do “Scherzo” da primeira versão do Quinteto.


O último movimento não parecia estar à altura do resto, e identifiquei a raiz disso na exposição de abertura, que de certo modo sofre da ausência de conteúdo temático. Para solucionar essa questão, incorporei trechos de música que só aparecem no fim do movimento a essa exposição, equilibrando melhor (espero!) a estrutura da obra como um todo.


Estou quase certo de que Schoenberg conhecia e talvez tenha tocado o Quinteto de Bruckner. Por isso, ao fim do movimento lento, incluí um “pré-eco” de uma passagem semelhante da Noite Transfi gurada. Acho que Bruckner não se importaria.

 

MEIRION BOWEN. Tradução de Rogério Galindo. 


1. Grant, Gail. Technical Manual And Dictionary of Classical Ballet. Nova York: Dover publications, 1982, p. 42. 

 

 

PROGRAMA

 

FLO MENEZES [1962]
Grand Écart [GRANDE ESTIRAMENTO] [2012]
10 MIN

 

ANTON BRUCKNER [1824-96]
Sinfonia para Cordas (Quinteto em Fá Maior, WAB 112) [1879] [ARRANJO DE MEIRION BOWEN] [1999]
- Gemässigt [Moderado]
- Intermezzo
- Adagio
- Finale: Lebhaft bewegt [Agitado]
42 MIN