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SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
04
set 2014
quinta-feira 21h00 Quarteto Osesp
Quarteto Osesp Convida Jean-Efflam Bavouzet


Quarteto Osesp
Jean-Efflam Bavouzet piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Samuel BARBER
Quarteto de Cordas, Op.11
Celso LOUREIRO CHAVES
Estética do Frio III - Homenagem a Leonard Bernstein [encomenda Osesp, estreia mundial]
César FRANCK
Quinteto com Piano em Fá Menor
INGRESSOS
  Entre R$ 66,00 e R$ 86,00
  QUINTA-FEIRA 04/SET/2014 21h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

Entre 1935 e 1936, passando uma temporada na Áustria com seu companheiro, o compositor e libretista Gian Carlo Menotti, Samuel Barber escreveu seu Quarteto de Cordas nº 1. Tinha apenas 26 anos, e o Quarteto não só seria sua única incursão no gênero, como estaria na origem de seu maior sucesso como compositor. Dois anos depois, ele escreveria uma versão para orquestra de cordas do segundo movimento do Quarteto, “Molto Adagio”, a qual seria interpretada por ninguém menos que Arturo Toscanini e sua Orquestra da NBC, sob o título de Adágio Para Cordas. O sucesso da peça fez de Barber uma celebridade.


Em abril de 1945, a morte do presidente Franklin Roosevelt foi anunciada pelo rádio tendo o Adagio de Barber como trilha sonora. Desse momento em diante, a peça se tornaria uma espécie de hino nacional lamurioso, e seria interpretada nos funerais de John F. Kennedy e Albert Einstein e na homenagem às vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, além de servir como trilha para filmes como O Homem Elefante, de David Lynch, e Platoon, de Oliver Stone.


O sucesso do “Adagio” acabou por tornar raras as oportunidades de ouvir a versão integral do Quarteto. O primeiro movimento inicia com um impactante tema em uníssono, algo beethoveniano. Com passagens líricas e provocações dissonantes, é um memorável momento do gênero. O curto movimento final, com pouco mais de dois minutos, recupera a assertividade e o ímpeto do início da peça, garantindo coerência formal.
RICARDO TEPERMAN é doutorando em Antropologia Social na Universidade de São Paulo e editor da Revista Osesp.



A música de Leonard Bernstein percorre Estética do Frio III, às vezes sem que se perceba, como na citação de West Side Story nos primeiros compassos; às vezes mais no primeiro plano, como na citação de Chichester Psalms que conclui a peça, antes que ela dê a volta sobre si mesma e reinicie como se ouvida durante o sono. Entre início e fim, aparecem Fancy Free, On The Town, a Sinfonia nº 2 e um fragmento de Four Anniversaries.

Como nas minhas outras Estéticas do Frio, a intertextualidade move a peça para diante. Aqui, ela extravasa Bernstein para chegar a Bartók e a uma canção de meu mestre Armando Albuquerque. É sobre essa rede de intertextualidades que se desenha a Estética do Frio III, que hesito identificar como quarteto de cordas com piano, preferindo-a como música para cinco instrumentos solistas que, momento a momento, se unem e se opõem.

Talvez o ouvinte reconheça na peça os seus três movimentos interligados: o primeiro movimento, sombre e depois liberamente, se concentra nas cordas; o segundo, con impeto, traz o piano para o primeiro plano e conclui com a apresentação de todos os materiais sonoros generativos da peça; o terceiro movimento, deserto, é interrompido por uma miniatura para piano, Subways of Cement, inspirada em Elizabeth Bishop. Estética do Frio III – Homenagem a Leonard Bernstein é dedicada a Jean-Efflam Bavouzet e ao Quarteto Osesp.
CELSO LOUREIRO CHAVES

Se fosse preciso definir em poucas palavras o estilo de César Franck, diria que ele é um meio-termo entre a cultura acadêmica germânica e o refinamento francês. Organista genial, sua invenção harmônica é bem reconhecível e
fez escola (nele se inspiraram Vincent D’Indy, Ernest Chausson e Gabriel Pierné). O Quinteto Com Piano em Fá Menor é, incontestavelmente, uma de suas grandes obras-primas. O espectro de sentimentos nele contido
é excepcional, percorrendo da mais selvagem violência (fim do primeiro movimento) à maior ternura (início do segundo movimento).


A obra começa com duas ideias principais: uma, nobre e pujante, no quarteto; e outra, suave e quase suplicante, no piano solo. Assim, ingressamos numa dialética cujos importantes elementos nos impressionam de imediato. Tal como uma torrente em contínua mutação, essas diferentes atmosferas levam o ouvinte/viajante por paisagens contrastantes, até o ápice final, em que a nota Fá é repetida doze vezes em uníssono.


Foi Camille Saint-Saëns quem tocou a parte do piano na primeira audição, em 1880. E parece que Debussy, então presente, gostou muito da obra. Acaso teria se lembrado dela ao compor La Mer, 25 anos depois? De fato, um pequeno motivo, uma oscilação entre duas notas próximas, que aparece pela primeira vez no movimento lento e também no final do Quinteto, foi utilizado por Debussy quase que de forma idêntica em seu afresco orquestral.

E teria Franck pensado no movimento lento do Concerto nº 5 Para Piano - Imperador, de Beethoven, na composição de seu movimento intermediário?


A fortíssima emoção que emana do Quinteto decorre também de sua construção. A obra se baseia em vários temas recorrentes. É pouco provável que, já na primeira escuta, o ouvinte perceba a complexidade estrutural e a organização esmerada e engenhosa das ideias, pois sem dúvida será arrebatado pela beleza das linhas melódicas.

A própria arquitetura de uma obra musical pode induzir o ouvinte a um estado de grande emoção — e sabe-se que alguns compositores começam o trabalho de criação pela forma. Maurice Ravel teria dito sobre seu Trio em Lá Menor: “A obra agora está pronta. Só me falta achar os temas”. 

Cada obra-prima é um mistério. Algumas pessoas relutam em analisar essas criações em seus pormenores, temendo eliminar a magia e destruir para sempre a emoção. Mas essa apreensão não procede: quanto mais atentamente observamos e compreendemos as engrenagens de uma obra, mais íntegro permanece o mistério de sua beleza. 

Numa entrevista a Joseph Horowitz, o pianista Claudio Arrau mencionou o “estado orgíaco” no qual o músico às vezes mergulha durante o estudo de uma obra nova.

Lembro-me perfeitamente de ter vivenciado esse estado em 1992, quando estudei o Quinteto de Franck pela primeira vez. A música me parecia tão fascinante e apaixonada, tão perfeitamente construída, que se tornou quase uma obsessão para mim. Cheguei a passar doze horas a estudá-la! Sentia-me como que embriagado de tanto tocar aquelas harmonias. E, embora a tenha interpretado inúmeras vezes desde então, a peça continua a me entusiasmar — e foi minha primeira escolha para esta residência na Osesp.

JEAN-EFFLAM BAVOUZET. Tradução de Ivone Benedetti.

 


PROGRAMA

QUARTETO OSESP

EMMANUELE BALDINI violino
DAVI GRATON violino
PETER PAS viola
WILSON SAMPAIO violoncelo (convidado)

SAMUEL BARBER [1910-81]
Quarteto de Cordas, Op.11 [1936]
- Molto Allegro e Appassionato
- Molto Adagio (Attacca)
- Molto Allegro (Come Prima). Presto
17 MIN

CELSO LOUREIRO CHAVES [1950]
Estética do Frio III - Homenagem a Leonard Bernstein [2014]
[Encomenda Osesp. Estreia Mundial]
13 MIN

CÉSAR FRANCK [1822-90]
Quinteto Com Piano em Fá Menor [1878-9]
- Molto Moderato Quasi Lento
- Lento Con Molto Sentimento
- Allegro Non Troppo ma Non Fuoco

39 MIN