DVORÁK
Sinfonia nº 7 em Ré Menor, Op.70
A Sétima Sinfonia, de uma fase anterior ao concerto,
foi escrita entre o final de 1884 e os primeiros meses de 1885. Aqui a tragicidade é da essência e permeia todo o arco formal, ora iluminando a linha de frente, ora vigiando como sombra ao fundo. A escolha da tonalidade, Ré Menor, reforça tal caráter e propõe imediatamente um diálogo com algumas peças que já à época haviam se consolidado como fundamentais na literatura musical, tais como o Réquiem de Mozart (1791), a Nona de Beethoven (1824) e o Primeiro Concerto Para Piano de Brahms (1858). Este Ré Menor aqui parece muito mais
o sintoma de uma maturidade consciente de si do que
de uma prova de enfrentamento. E, nesse sentido, insere com naturalidade a Sétima nessa tradição, como um elo que conecta a música dos mestres do passado às futuras criações no mesmo tom, como, por exemplo, o Réquiem de Fauré (1900) e até mesmo o de Britten (1962).
Essas características são facilmente notadas na
escuta dos segundos iniciais do “Allegro Majestoso”, com a tônica nos contrabaixos e o rulo dos tímpanos que, juntos, emolduram um primeiro esboço de progressão harmônica. O “Poco Adagio”, segundo movimento em Fá Maior, intervém — ao menos no começo — aliviando as tensões, um respiro necessário para reunir energia para outros embates que mais à frente virão. À sua maneira, algo semelhante se dá no “Scherzo”, quando as figuras leves de dança vão pouco a pouco se tornando mais complexas, rumo a uma seção de contraste. No “Allegro” que encerra a peça, o caráter do início e a tonalidade principal são retomados; depois de idas e vindas, desvios e recapitulações, a travessia termina heroicamente, agora em Ré Maior.
Assim como no Concerto Para Violoncelo, a estreia da Sétima Sinfonia também se deu em Londres, com o próprio compositor na direção da orquestra, em 22 de abril de 1885.
SERGIO MOLINA é compositor, Doutor em Música pela USP,
coordenador da Pós-Graduação em Canção Popular na FASM (SP)
e professor de Composição no ICG/UEPA de Belém.