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SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
27
mai 2017
sábado 16h30 Imbuia
Temporada Osesp: Thomson, Hagner e Réquiem de Fauré


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Neil Thomson regente
Viviane Hagner violino
Marília Vargas soprano
Homero Velho barítono
Coro Infantil da Osesp
Coro Acadêmico da Osesp
Coro da Osesp


Programação
Sujeita a
Alterações
Unsuk CHIN
Concerto para Violino
Gabriel FAURÉ
Réquiem, Op.48
INGRESSOS
  Entre R$ 46,00 e R$ 213,00
  SÁBADO 27/MAI/2017 16h30
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

CHIN
Concerto Para Violino / COMPOSITORA EM RESIDÊNCIA

 

Em seu ensaio reproduzido na Revista Osesp 2017, o musicólogo Hanno Ehrler mostra como a compositora sul-coreana (radicada na Alemanha) Unsuk Chin [1961] tem sido bastante requisitada, ao longo das últimas duas décadas, tanto no ambiente da música orquestral quanto no da música de câmara, — e mesmo não se alinhando diretamente às escolas mais conhecidas da invenção contemporânea. Sua atuação como compositora em residência, não apenas este ano com a Osesp, mas também na Casa da Música do Porto e no prestigiado Festival de Lucerna — onde a estreia de Le Silence Des Sirènes teve a regência de Simon Rattle —, comprova essa tese.


Sua escrita é extremamente minuciosa e precisa, e revela, nas entrelinhas, uma apropriação de determinadas técnicas de György Ligeti, seu principal mestre. Mas isso não se traduz em uma música que ecoa o estilo do compositor húngaro. Pelo contrário, baseada em formas clássicas e estruturas sólidas, a música de Chin ocupa um espaço bastante particular na cena atual da música de concerto.


Isso pode ser notado em seu Concerto Para Violino, a primeira peça de Unsuk Chin a ser interpretada pela Osesp nesta temporada. Ainda que organizada em uma narrativa de quatro movimentos — com início, meio e fim —, é possível ouvi-la também como um processo contínuo, em que as sonoridades moldadas vão se transformando a partir de combinações inusitadas que a compositora cria com os naipes da orquestra. Nesse sentido, o próprio violino, que raramente propõe melodias na concepção usual, pode ser entendido como mais um entre muitos elementos. Se no plano mais amplo o som flui em ondas de diferentes densidades, no âmbito do violino solo há uma exploração radical de suas potencialidades: harmônicos, pizzicati, glissandos e efeitos de percussão.


Composto em 2002, o Concerto Para Violino de Chin foi originalmente estreado e gravado pelo maestro Kent Nagano e a Orquestra Sinfônica Alemã de Berlim, com Viviane Hagner ao violino.

 

SERGIO MOLINA é compositor, Doutor em Música pela USP,
coordenador da Pós-Graduação em Canção Popular na FASM (SP)
e professor de Composição no ICG/UEPA de Belém.

 

 

FAURÉ

Requiém, Op.48


Desde logo, Fauré respondeu às críticas de que seu Réquiem foi alvo: “Dizem que não expressa bem o terror diante da morte. Alguém o apelidou berceuse da morte. Mas é assim mesmo que eu a concebo: uma venturosa libertação, uma aspiração à felicidade do mundo, e não uma experiência dolorosa”. Coerente com sua ideia, o compositor incluiu um Pie Jesu e a antífona In Paradisum como último movimento da obra, proporcionando assim uma antevisão do Paraíso e um fim apaziguador.


Supõe-se que o falecimento de seus pais tenha sido a razão impulsionadora da música, iniciada em 1887. Fauré começou seu trabalho neste projeto ao compor um Réquiem em cinco movimentos para o coro da Igreja de La Madeleine de Paris, do qual era diretor. A instrumentação era pequena e previa apenas as cordas da orquestra (sem violinos), harpa, tímpanos e órgão. Em seguida, acrescentou o Offertorium e o Libera me — com seu famosíssimo solo de barítono — e, em 1898, ampliou a orquestração. A première oficial do Réquiem, Op.48, ocorreu em 12 de julho de 1900, no Trocadero de Paris.


A despeito do acima exposto, a música não é isenta de sombras. Logo no início, o Introitus e o Kyrie exibem a dor da perda recente e o desvanecimento que se segue. O coro oferece momentos particularmente eloquentes quando canta o Réquiem Aeternam.


Seguindo uma rica tradição da composição ocidental, em que sempre foi importante a relação da palavra com a música, Fauré procura imprimir à sua peça cada inflexão dramática do texto, alcançando, ao lançar mão desse recurso, um outro nível de sugestão sinestésica, próprio das grandes obras de arte: surgem imagens sonoras...


[...]


O In Paradisum, para melhor evocar a voz dos anjos, é eventualmente (como nesses concertos) interpretado com coro infantil no lugar dos sopranos e contraltos. Este último movimento é o acolhimento final da alma e é interessante notar como uma troca simples do foco expressivo — antes contrito, agora confortador — é capaz de marcar o jeito costumeiro de pensar e abordar um gênero tão consagrado quanto a Missa de Réquiem.


O compositor e professor Osvaldo Lacerda [1927-2011] costumava dizer que o exemplar de Fauré constitui um marco na extensa história da música sacra, visto ter oferecido outra interpretação ao velho conjunto de poemas litúrgicos. Lacerda complementava dizendo: “É a antevisão do paraíso...”. [2003]

 

ANTONIO RIBEIRO
 é compositor, assessor pedagógico

do Conservatório de Tatuí 
e coordenador artístico

da Escola Municipal de Música.

 


I. RÉQUIEM
Concede-lhes o descanso eterno, ó Senhor,

e que a luz perpétua os ilumine,
Um hino agora te convém, ó Deus em Sião,

e que a ti seja rendida homenagem em Jerusalém.
Ouve a minha prece,
diante de ti comparecerá toda carne.

Senhor, tende piedade de nós.

Cristo, tende piedade de nós.


II. OFERTÓRIO
Ó Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,

liberta as almas de todos os fiéis mortos

das penas do inferno
e do abismo profundo.
Liberta-as das garras do leão,
para que o Tártaro não as engula,
para que não caiam na escuridão.

Sacrifícios e preces a ti, Senhor,

oferecemos em louvor.
Aceita-os em favor dessas almas,
das quais hoje nos lembramos.

Permite, ó Senhor,
que elas passem da morte para a vida,

como outrora prometestes a Abraão
e a seus descendentes.


III. SANTO
Santo Senhor Deus dos Exércitos,

o céu e a terra estão repletos com a tua glória.

Hosana nas alturas!

 

IV. Ó, PIO JESUS
Ó, Pio Jesus, Senhor,

conceda-lhes o descanso.

O descanso eterno.


V. CORDEIRO DE DEUS
Cordeiro de Deus,
que tiras o pecado do mundo,

concede-lhes o descanso.
Concede-lhes o descanso eterno, ó Senhor,

e que a luz perpétua os ilumine,

eternamente entre teus santos,
pois tu és misericordioso.


VI. LIVRA-ME
Livra-me, Senhor, da morte eterna,

naquele terrível dia,
quando os céus e a terra se moverem,

quando tu vieres julgar os séculos pelo fogo.

Já tremo e temo,
quando o abalo e a ira vierem.
Dia de ira, aquele dia,
de calamidade e de miséria,
um dia grande e muito amargo.

Concede-lhes o descanso eterno, ó Senhor,

e que a luz perpétua os ilumine.


VII. AO PARAÍSO
Que os anjos lhe conduzam ao paraíso,

Que os mártires te recebam na tua chegada.

E te introduzam na santa cidade de Jerusalém.
Que o coro dos anjos te receba,
e com Lázaro, outrora um pobre,
tu também tenhas um descanso eterno.


Leia o ensaio “Unsuk Chin: Ordem, Caos e Computadores”, de Hanno Ehrler, aqui.