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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
30
jul 2017
domingo 16h00 Ipê
Temporada Osesp: Guerrero e Bailey


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Giancarlo Guerrero regente
Zuill Bailey violoncelo


Programação
Sujeita a
Alterações
Michael DAUGHERTY
Contos de Hemingway
Pyotr I. TCHAIKOVSKY
Sinfonia nº 4 em Fá Menor, Op.36
INGRESSOS
  Entre R$ 46,00 e R$ 213,00
  DOMINGO 30/JUL/2017 16h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

DAUGHERTY
Tales of Hermingway (Contos de Hemingway)

 

O concerto Contos de Hemingway, para violoncelo e orquestra, foi encomendado pela Sinfônica de Nashville (Tennessee) e por um consórcio formado pela Filarmônica de Erie, pela Orquestra do Sul da Flórida e pelas Sinfônicas de Asheville, Detroit, El Paso, Redwood e Virgínia. A estreia mundial foi em 17 de abril de 2015, com a Sinfônica de Nashville, sob a regência de Giancarlo Guerrero, e Zuill Bailey no violoncelo solo, no Schermerhorn Symphony Center, em Nashville.


Contos de Hemingway evoca a vida turbulenta, as aventuras e a literatura do autor e jornalista norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961). [...] Com 25 minutos de duração, meu concerto de violoncelo se divide em quatro movimentos, cada um deles inspirado em um conto ou um romance de Hemingway:


I. “O Grande Rio de Dois Corações” [Big Two-Hearted River] (1925, Seney, Michigan)


Neste conto, Nick Adams é um soldado emocionalmente marcado e desiludido com a Primeira Guerra, que caminha pelo norte de Michigan em uma viagem de pesca em busca de retomar o controle de sua vida. Compus uma música serena e passional, que evoca um leitmotiv da escrita de Hemingway: sua crença de que podemos ser curados pela força da natureza explorando territórios isolados ao ar livre.


II. “Por Quem os Sinos Dobram” [For Whom The Bell Tolls] (1940, Guerra Civil Espanhola)


Hemingway conta a história dos últimos três dias da vida de Robert Jordan, um professor norte-americano, convertido em especialista em demolições, que se juntou às brigadas antifascistas dos legalistas da Espanha. Jordan aceita uma missão suicida de explodir uma ponte e se apaixona por Maria, uma jovem espanhola do acampamento dos brigadistas legalistas. O violoncelo é percutido e dedilhado, conduzindo a marcha do mártir rumo à batalha contra os fascistas e enfim à morte. Quando o carrilhão explode na conclusão do movimento, o epitáfio do romance se faz ouvir: “E, então, não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.


III. “O Velho e o Mar” [The Old Man And The Sea] (1952, Cuba)


Na novela que rendeu o prêmio Nobel a Hemingway, Santiago é um pescador pobre e velho cuja sorte muda quando leva seu pequeno barco para dentro da Corrente do Golfo. Após uma disputa épica, ele pesca um gigantesco marlim, o maior peixe de sua carreira. Na longa viagem de volta para casa, os tubarões atacam o barco e devoram o marlim. Como resposta musical, compus uma elegia à luta de vida e morte entre homem e natureza. O violoncelo representa a jornada do velho pescador em busca das verdades da existência humana com dignidade e graça.


IV. “O Sol Também se Levanta” [The Sun Also Rises] (1926, Pamplona, Espanha)


O personagem principal nesse romance inovador é Jake Barnes, amargurado e ferido na guerra, que mora em Paris como jornalista expatriado e infeliz. Sem objetivo na vida, ele viaja até a Fiesta de Pamplona, na Espanha. No caminho, junta-se a outros personagens [...] como Lady Brett, uma mulher divorciada e promíscua com quem Barnes se envolvera antes da guerra. No movimento final do concerto, criei um mundo sonoro eletrizante e dramático, onde imagino Jake Barnes, sua turma (e Hemingway) em Pamplona em plena Fiesta, assistindo à corrida de touros e se deliciando com o espetáculo das touradas. Também ouvimos as iluminações musicais da enigmática epígrafe do romance, “Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao lugar onde nasceu”.

 

Michael Daugherty é compositor norte-americano,

autor de Metropolis Symphony e Deus Ex Machina, premiadas pelo Grammy,

e professor de composição na Universidade de Michigan (Ann Arbor).

 


TCHAIKOVSKY
Sinfonia nº 4 em Fá Menor, Op.36 /TCHAIKOVSKY EM FOCO

 

A Sinfonia nº 4 foi escrita por Tchaikovsky em 1877, durante um período de forte abalo emocional, provocado por um malfadado casamento do compositor com uma aluna, na tentativa de amainar rumores sobre sua homossexualidade — ou, em suas próprias palavras, de “fechar a boca de toda aquela corja”. A obra foi dedicada à mecenas do compositor, Nadejda von Meck.

 

Von Meck era imensamente rica graças ao sucesso comercial de seu recém-falecido marido, um engenheiro de Riga, na Letônia. Dedicada apreciadora de música, ganhou fama em Moscou como notável patrona das artes. Ela adorava a música de Tchaikovsky de maneira quase obsessiva. Um romance teve início, mas, por decisão de Von Meck, os dois não deveriam se encontrar pessoalmente. Nos treze anos seguintes, trocaram intensa e efusiva correspondência.


Como lembrou o crítico americano James M. Keller, Tchaikovsky embarcou no caso com Von Meck e na composição de sua Sinfonia nº 4 praticamente ao mesmo tempo, e os dois “projetos” estavam bastante entrelaçados em sua mente. Em suas cartas a Von Meck, ele se refere com frequência à peça como “nossa sinfonia”, por vezes até como “sua sinfonia”. [...]


O primeiro movimento, uma valsa com tema principal melancólico e sua combinação engenhosa com ideias secundárias, é característico de Tchaikovsky. Após o lírico segundo movimento, o terceiro é todo executado em pizzicato pelas cordas. Por fim, o “Finale”, apaixonado e melodramático, aproveita um tema folclórico russo. A obra estreou em 10 de fevereiro de 1878, em concerto na Sociedade Russa de Música, em Moscou, com regência de Nicolai Rubinstein.

 

Camila Frésca é jornalista, colaboradora

da Revista Concerto e pesquisadora musical.


Leia sobre Pyotr I. Tchaikovsky no ensaio "Tchaikovsky, Sinfonista Patético", de Richard Taruskin, aqui.