Temporada 2024
abril
s t q q s s d
<abril>
segterquaquisexsábdom
25262728293031
123 4 5 6 7
8 9101112 13 14
151617 18 19 20 21
222324 25 26 27 28
293012345
jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez
PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
17
ago 2017
quinta-feira 21h00 Carnaúba
Temporada Osesp: Peleggi e Schwizgebel


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Valentina Peleggi regente
Louis Schwizgebel piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Joseph HAYDN
Abertura em Ré
Camille SAINT-SAËNS
Concerto nº 5 Para Piano em Fá Maior, Op.103 - Egípcio
Nikolai RIMSKY-KORSAKOV
A Lenda da Cidade Invisível de Kitej e a Donzela Fevronia: Suíte
Capriccio Espagnol, Op.34
INGRESSOS
  Entre R$ 46,00 e R$ 213,00
  QUINTA-FEIRA 17/AGO/2017 21h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

HAYDN

Abertura em Ré /HAYDN EM FOCO


Há uma fina ironia na escrita de Haydn que se revela à medida que o ouvinte se familiariza com seu estilo e as nuances do classicismo. Pequenos desvios de rota, pausas inesperadas e cadências interrompidas são apenas alguns dos gestos sutis subvertendo elegantemente uma prática que o próprio Haydn foi o principal responsável por consolidar: “suas composições são fruto de uma mente sofisticada, sempre muito atenta à percepção de seus ouvintes e à recepção de suas peças [...]”, afirma Laura Rónai em seu ensaio “Haydn, um Compositor Solar”. (1)


Várias dessas características podem ser observadas na breve Abertura em Ré, cuja origem ainda hoje é objeto de discussão entre os pesquisadores. Organizada em forma sonata, foi composta possivelmente na década de 1770 e publicada como uma versão alternativa para o movimento final da Sinfonia nº 53.

 

1. Revista Osesp 2017, pp. 32-40.

 

SERGIO MOLINA é compositor, Doutor em Música pela USP,
coordenador da Pós-Graduação em Canção Popular na FASM (SP)
e professor de Composição no ICG/UEPA de Belém.

 


SAINT-SAËNS

Concerto nº 5 Para Piano em Fá Maior, Op.103 – Egípcio


É possível olhar a vida de Camille Saint-Saëns com 
igual medida de admiração e temor. O compositor era surpreendentemente multidimensional: além de pianista virtuosístico e prolífico criador, Saint-Saëns escreveu livros sobre diversos temas, era um linguista reconhecido e um insaciável viajante. Foi, de fato, uma de suas viagens ao norte da África, em 1896, que inspirou este concerto.


[...]


A despeito do segundo movimento, o Concerto Egípcio permanece dentro do modelo típico de Saint-Saëns, ou seja, é melodioso e de fácil fruição. Pleno conhecedor de sua própria identidade artística, o compositor coloca seu credo em perspectiva quando escreve: “O artista que não se sente completamente satisfeito por linhas elegantes, por um colorido harmonioso e por uma bela sucessão de acordes, não entende a arte da música”.


Como vários outros concertos de Saint-Saëns, o 
início deste não revela imediatamente suas intenções virtuosísticas. Ao contrário, o primeiro movimento abre com uma melodia despretensiosa, a qual, contudo, logo cede aos característicos arpejos e às rápidas escalas, e a um sentido de urgência. O início do segundo movimento, o “Andante”, com seu exotismo dramático do Oriente, explica a razão do concerto ter sido apelidado de “Egípcio”. Diz-
se que a melodia lírica de sua seção central seria de uma canção tradicional, que o compositor ouviu quando cruzava o Nilo em um barco. Para o movimento final, Saint-Saëns retorna a seu estilo natural de brilhos franceses, melodias cativantes e pirotecnias no teclado, que devem deixar a plateia “completamente satisfeita”.


ORRIN HOWARD

Nota de Programa gentilmente cedida pela Filarmônica de Los Angeles

 

 

RIMSKY-KORSAKOV

A Lenda da Cidade Invisível de Kitej e a Donzela Fevronia: Suíte


Esta suíte foi extraída da 12ª ópera de Rimsky-Korsakov, A Lenda da Cidade Invisível de Kitej, libreto de Vladimir Belsky. A ópera, escrita entre 1903 e 1904, estreou no Teatro Mariinsky, de São Petersburgo, em 20 de fevereiro de 1907, um ano antes da morte do compositor.


Conforme o biógrafo Rostislav-Michel Hofmann, (2) Kitej, ao contrário de quase todas as demais óperas de Rimsky, não é um conto, mas uma lenda de inspiração religiosa.


[...] O enredo narra a história do príncipe Vsevolod, de Kitej, que pede em casamento a campesina Fevronia. Mas a invasão bárbara dos tártaros impede a boda e dizima vidas, inclusive Fevronia e o príncipe. A cidade renasce (!) no plano divino. Celebra-se lá a boda, aos olhos do povo. Kitej poderia ter como epígrafe as palavras de Fevronia: “Deus não abençoa as lágrimas da tristeza. Ele abençoa as lágrimas da alegria celeste”.


A suíte dessa ópera, arranjada por Glazunov e Steinberg, discípulos de Rimsky-Korsakov, contempla a rica paleta original, recapitulando episódios cruciais da narrativa: “Hino à Natureza”; “Cortejo Nupcial de Fevronia”; “Batalha dos Tártaros”; “O Fim Glorioso de Fevronia”.

 

[2005]

 

2. HOFMANN, Rostislav-Michel. Rimsky-Korsakov: Sa Vie, Son Oeuvre. Paris: Flammarion, 1958.


MARINO MARADEI JR. é jornalista.

 


RIMSKY-KORSAKOV

Capriccio Espagnol, Op.34


No verão de 1888, o pintor Vincent Van Gogh escreve a seu irmão Théo dizendo que o “pintor do futuro é um colorista como jamais houve”. Para ele as paisagens, os temas, não passam de um lugar tranquilo sobre o qual elabora e trabalha detalhadamente suas cores. Os tons quebrados, os tons vivos, as cores elementares, tudo é contraposto para fazer vibrar a luz.


Se o problema da cor ronda a pintura, não será diferente com a música. O problema da cor aqui é o do timbre, o das sonoridades. E se Van Gogh escolhe as paisagens de Auvers-sur-Oise, Korsakov escolhe a música espanhola e a música russa [...].


No verão de 1887, Korsakov acabara de compor sua Fantasia Russa e já imaginava uma fantasia espanhola a partir de temas que encontrara na Coletânea de Canções Espanholas e Canto Cigano, de Izenga. Garantido o ambiente espanhol, no entanto, o interesse da obra recai, segundo o próprio compositor, na orquestração. [...]


São ao todo cinco movimentos em ambiente espanhol para fazer brilhar a orquestra: “Alvorada”, “Variação”, “Alvorada Com Variações”, “Cena e Canto Cigano” e “Fandango Asturiano”. A “Alvorada” pinta o nascer do dia e a grande alegria do nascer do dia. A “Variação”
faz os temas da alvorada desaparecerem em invenções orquestrais. Novamente a “Alvorada”, agora atravessada por solos de violino. Segue a “Cena e Canto Cigano”. Finalmente o “Fandango”: novos solos de violino entremeados à fanfarra, e uma gama de invenções sonoras na percussão, até que o tema da “Alvorada” volte em fragmentos.


[2003]


SÍLVIO FERRAZ 
é professor titular do curso de

Composição da Universidade de São Paulo

e pesquisador da Fapesp e do CNPQ.


Leia sobre Joseph Haydn no ensaio "Haydn, um compositor solar", de Laura Rónai aqui.