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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
03
mai 2015
domingo 16h00 Quarteto Osesp
Quarteto Osesp e Osmo Vänskä


Quarteto Osesp
Osmo Vänskä clarinete


Programação
Sujeita a
Alterações
John ADAMS
John's Book of Alleged Dances: Pavane: She's So Fine
Bohuslav MARTINU
Três Cavaleiros
Quarteto nº 2
Wolfgang A. MOZART
Quinteto para Clarinete e Cordas em Lá Maior, KV 581
INGRESSOS
  Entre R$ 71,00 e R$ 92,00
  DOMINGO 03/MAI/2015 16h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

As Supostas Danças foram as peças que escrevi logo após o Concerto Para Violino, uma obra complexa, que levou um ano inteiro para ser composta. O Concerto me deu coragem para ir mais longe ao compor para cordas, e algumas das técnicas e dos gestos com que entrei em contato nele reapareceram no novo quarteto, mas com uma aparência menos séria.


O Livro é uma coleção de 10 danças, seis das quais acompanhadas por uma faixa gravada de percussão feita a partir de sons de piano preparado. O piano preparado foi, é claro, uma invenção de John Cage, o primeiro a colocar borrachas, nozes, parafusos e outros objetos amortecedores nas cordas do piano de cauda, transformando-o num tipo de gamelão pigmeu. Na versão original das Supostas Danças, os sons de piano preparado foram organizados como loops colocados num gravador que ficava no palco, e um dos integrantes do Kronos Quartet os disparava no momento certo com um pedal. Isso criava um grande suspense nas performances ao vivo — talvez suspense demais, já que a chance de dar errado era tão grande que os integrantes do quarteto finalmente me convenceram a criar um CD com os loops, decisão que reduziu muito o grau de ansiedade durante as apresentações.


As danças eram “supostas” porque os passos para elas ainda precisavam ser inventados (embora hoje vários coreógrafos, incluindo Paul Taylor, tenham criado peças a partir delas). O tom geral é seco, divertido, sardônico. A música foi composta em grande medida pensando nas personalidades dos integrantes do Kronos. A pequena pavana “She’s so Fine” [Ela é Tão Bonita], por exemplo, foi expressamente pensada para o registro docemente lírico do violoncelo de Joan Jeanrenaud.
JOHN ADAMS. Tradução de Rogério Galindo.

 

 

 

Bohuslav Martinu nasceu em 1890 numa pequena cidade nas montanhas entre a Boêmia e a Morávia. Passou parte de sua infância morando na torre de uma igreja, pois o pai era encarregado da manutenção do relógio. De família pobre, cresceu entre as quatro paredes do pequeno apartamento na torre, separado da rua onde as outras crianças brincavam por 193 degraus. Brincar com um violino e compor como autodidata eram suas únicas distrações.

 

Foi justamente um concerto como violinista, em 1905, que convenceu alguns generosos concidadãos de que ele precisaria ser ajudado financeiramente para ir à capital Praga. A viagem aconteceria no ano seguinte e uma das composições que o jovem Bohuslav levou consigo foi Três Cavaleiros, para quarteto de cordas, hoje quase desconhecida. Ao ouvi-la, alguns anos atrás, me convenci de que seria muito interessante levar para o nosso público a primeira experiência de Martinu na composição para quarteto e apresentá-la junto a uma obra do período imediatamente posterior a seus estudos em Praga e Paris.


Apesar da inocência e da simplicidade formal, a peça mostra uma criatividade melódica e rítmica que nos deixa boquiabertos ao pensarmos que foi escrita quando ele tinha apenas 12 anos (ou menos, já que algumas fontes marcam 1900 como o ano de composição). É uma das primeiras composições conhecidas de Martinu e se baseia numa famosa história popular tcheca com o mesmo título (cujo original em língua tcheca é “Tri Jezdci”).

 

Já o Quarteto nº 2, escrito em Paris em 1925, é o resultado do tanto que Martinu aprendeu ao estudar com Josef Suk em Praga e, sobretudo, com Albert Roussel em Paris, graças a uma bolsa de estudos concedida em 1923. No Quarteto, podemos ouvir claramente as influências do impressionismo francês, sem descaracterizar a forte personalidade do compositor.


A música de sua terra sempre está presente em suas obras, assim como suas experiências de infância e adolescência. O próprio compositor, já adulto, falou da importância de seus anos na torre para sua música. Com a licença do público, deixo aqui registrada uma opinião minha sobre Bohuslav Martinu, que considero um compositor extremamente subestimado e cuja obra de câmara e sinfônica precisaria ser mais valorizada. A pequena contribuição do Quarteto Osesp será este concerto, e espero que você, que está lendo estas palavras, possa concordar comigo ao fim da apresentação.
EMMANUELE BALDINI é spalla da Osesp e primeiro violino do Quarteto Osesp.

 

 


Lirismo, delicadeza e equilíbrio são traços evidentes do Quinteto Para Clarinete e Cordas em Lá Maior, KV 581, de Mozart. Composta em 1789, a obra é considerada a primeira na história da música a conjugar o clarinete e um quarteto de cordas. Figura entre as mais admiráveis peças da música de câmara de todos os tempos, além de ter se tornado bastante popular dentro do próprio repertório mozartiano. Conhecida também como Quinteto Stadler, foi escrita especialmente para o clarinetista Anton Stadler, com quem Mozart manteve uma estreita amizade e de quem foi colega de maçonaria.


Quatro movimentos — cada um com sua elegância específica, em interação com os demais — integram o quinteto. No primeiro — “Allegro” —, o clarinete se articula belamente aos instrumentos de corda, conferindo, ao mesmo tempo, leveza e densidade ao conjunto. Já no seguinte, o instrumento passa a assumir o papel de protagonista, revelando-se quase uma voz humana, feliz e sublime, capaz de provocar sutis emoções nos ouvintes, que se deixam conduzir pelas modulações líricas. A delicadeza vibrante e o frescor da surpresa se mantêm vivos até o final do movimento, que é seguido pelo “Menuetto”, de estrutura interna mais complexa, em que se sobressai certo tom bucólico, somado à elegante combinação de sonoridades dos cinco instrumentos. O último movimento, o “Allegretto Con Variazioni”, vem brindar-nos com um tema simples, quase ingênuo, mas que vai adquirindo diversas texturas sonoras, graças às suas imprevistas variações. Se um matiz ligeiramente melancólico se faz ouvir em certas passagens, somos aos poucos levados a um arrebatamento dos sentidos, a uma quase epifania, em que se mesclam alegria, graça e luminosidade.


A notável singularidade dessa obra da fase tardia de Mozart consiste, sobretudo, na forma como o clarinete é explorado em suas múltiplas possibilidades melódicas e expressivas, sem que os demais instrumentos sejam relegados a meros acompanhantes. Cada um mantém sua intensidade e sua presença sonora, ao mesmo tempo que se entrelaça aos demais. Se o clarinete assume um papel de destaque em muitos momentos, o diálogo vivo entre ele e os instrumentos de corda potencializa o equilíbrio delicado e vibrante do conjunto.

 

Pode-se dizer que Mozart reinventa suas próprias possibilidades, ao fazer desse trabalho um ponto de confluências sonoras de instigante beleza. Nesse sentido, o Quinteto revela-se como um verdadeiro bálsamo para o espírito e um poderoso estímulo para a imaginação.
MARIA ESTHER MACIEL é professora de Teoria Literária e Literatura Comparada da UFMG e autora de O Livro Dos Nomes (Companhia das Letras, 2008), entre outras obras.

 

 

PROGRAMA

QUARTETO OSESP
EMMANUELE BALDINI violino
DAVI GRATON violino
PETER PAS viola
ILIA LAPOREV violoncelo
OSMO VÄNSKÄ clarinete

 

JOHN ADAMS [1947]
John's Book of Alleged Dances: Pavane: She's so Fine
[O Livro de John Das Supostas Danças: Pavana: Ela é Tão Bonita] [1994]
7 MIN


BOHUSLAV MARTINU [1890-1959]
Três Cavaleiros [1902]
12 MIN


Quarteto nº 2 [1925]
- Moderato - Andante - Allegro Vivace
- Andante
- Allegro
20 MIN
______________________________________
WOLFGANG AMADEUS MOZART [1756-91]

Quinteto Para Clarinete e Cordas em Lá Maior, KV 581 [1789]
- Allegro
- Larghetto
- Menuetto - Trio
- Allegretto Con Variazioni
30 MIN