Temporada 2024
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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
21
mar 2015
sábado 16h30 Jequitibá
Temporada Osesp: Järvi e Cohen


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Kristjan Järvi regente
Arnaldo Cohen piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Antonín DVORÁK
Abertura Carnaval, Op.92
Pyotr I. TCHAIKOVSKY
Concerto nº 1 Para Piano em Si Bemol Menor, Op.23
Zoltán KODÁLY
Variações Sobre uma Canção Húngara - O Pavão

 

Bis orquestra

quinta, sexta e sábado

Pyotr I. TCHAIKOVSKY
A Dama da Neve, Op.12: Dança dos Acrobatas

 

Bis solista
quinta
e sábado
Franz LISZT
Consolações Para Piano, S.172: Consolação nº 3
sexta
Sergei PROKOFIEV
Visões Fugitivas, Op.22: Ridicolosamente

INGRESSOS
  Entre R$ 45,00 e R$ 178,00
  SÁBADO 21/MAR/2015 16h30
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

O paradoxo da “transgressão como cânone” foi tão completamente assimilado pelo ouvinte contemporâneo — bem como pelo leitor de literatura e pelo espectador de obras visuais — que lhe parece incompreensível a indignação suscitada no ouvinte do século XIX por obras hoje paradigmáticas do repertório clássico e romântico. Tal é o caso, como se sabe, de várias obras dentre as mais famosas de Beethoven, mas, sobretudo, do Concerto nº 1 Para Piano, composto entre novembro de 1874 e fevereiro de 1875 por Pyotr Ilyich Tchaikovsky.

 

O compositor propôs o concerto ao pianista, regente, crítico e também compositor Nikolai Rubinstein (irmão mais novo de Anton, o principal professor de composição de Tchaikovsky). Mas, ao ouvir este que se tornaria talvez o mais “popular” concerto para piano de todos os tempos, Rubinstein simplesmente o desqualificou, como relataria três anos depois o próprio compositor numa carta a Nadejda von Meck, mecenas de ambos. Desagradaram a Rubinstein, sobretudo, a estrutura formal da obra e o fato de que se tratava de um concerto em Si Bemol Menor que, logo após a introdução, passava para a tonalidade relativa, Ré Bemol Maior.

 

Tchaikovsky acabou propondo e dedicando o concerto a Hans von Bülow, que o apresentou pela primeira vez em 25 de outubro de 1875, em Boston. Embora triunfalmente recebido pelo público, que exigiu que o terceiro movimento fosse tocado uma segunda vez, o concerto recebeu fria acolhida dos críticos. Um deles escreveu, o que hoje nos soa cômico, que a obra “dificilmente se destinava a se tornar um clássico”. Em todo caso, as críticas de Rubinstein talvez tenham surtido algum efeito, porque Tchaikovsky revisou seu concerto três vezes, a última em 1888. Uma diferença curiosa entre a primeira e a última versão é que os acordes em oitava tocados pelo piano na abertura, enquanto a orquestra apresenta o celebérrimo primeiro tema, eram antes executados como arpejos [como se pode ouvir numa recente gravação de Kirill Gerstein, pianista que esteve com a Osesp no ano passado].

 

Como a maior parte dos compositores românticos da segunda metade do século XIX, confrontados com o incontornável Wagner e com o legado de Liszt, Antonín Dvorák teve de se haver com a “música de programa” — vale dizer, com o potencial expressivo da música inspirada por um tema não musical. Aparentemente, Dvorák apreciava, em especial, escrever música de programa na forma de aberturas, as quais ele entendia como peças autônomas. Dentre as oito que compôs ao longo da vida, apenas a primeira (Abertura Trágica, de 1870) foi concebida como abertura para uma ópera. As demais são obras sinfônicas ou concertantes, como a Abertura Carnaval, uma das últimas, composta em 1891. Ela foi concebida como a segunda parte de uma trilogia sobre a Natureza (Op.91), a Vida (Op.92) e o Amor (Op.93).


Nas palavras do próprio compositor, essas peças “são ainda de certo modo música de programa”. Segundo o biógrafo John Clapham, com essa trilogia, Dvorák pretendia expressar “três aspectos das manifestações da força vital”.1


Abertura Carnaval é notável por seu brilho e pelo ritmo saltitante e sincopado de seu tema inicial, introduzindo uma atmosfera de alegria mendelssohniana que não se perde nem em seus momentos mais meditativos. Como teria dito o compositor romeno Bohuslav Martinu, “se alguém exprimiu uma saudável e feliz relação com a vida, esse foi Dvorák”.

 

Se Dvorák é também a encarnação da ideia de identificação da música com um sentimento nacional, — no caso o da antiga Tchecoslováquia —, Zoltán Kodály, duas gerações depois, é seu equivalente húngaro. Mestre e amigo de Béla Bartók, Kodály se relacionou com o material musical arcaico e “folclórico” de seu país ao mesmo tempo como etnomusicólogo e compositor. Recolhendo metodicamente, desde 1905, os cantos populares nos mais diversos pedaços da Hungria, Kodály se tornou doutor em filosofia e linguística com uma tese sobre essa tradição.
Tais pesquisas o acompanhariam até o fim da vida.

 

As Variações Sobre uma Canção Húngara — O Pavão foram encomendadas ao compositor em 1939, pela Orquestra do Concertgebouw de Amsterdã, para a celebração de seu quinquagésimo aniversário. A obra baseia-se numa lenda húngara acerca de um pavão, símbolo da liberdade, que viaja até a prisão de uma cidade para libertar os jovens lá encarcerados. Os tons vívidos e fabulosos da peça, de uma orquestração brilhante e muito requintada (reminiscente por vezes de Debussy), parecem alheios à terrível tragédia histórica que estava por começar naquele país.
LUIZ MARQUES é professor do Departamento de História da Unicamp e coordenador do MARE — Museu de Arte Para a Pesquisa e Educação.


1.Clapham, John. Dvorák. Nova York: W.W. Norton & Company, 1979.

ANTONÍN DVORÁK 
Abertura Carnaval, Op.92 [1891]
10 MIN


PYOTR I. TCHAIKOVSKY 
Concerto nº 1 Para Piano em Si Bemol Menor, Op.23 [1874-5]
- Allegro Non Troppo e Molto Maestoso
- Andantino Semplice
- Allegro Con Fuoco
32 MIN
______________________________________
ZOLTÁN KODÁLY 
Variações Sobre Uma Canção Húngara - O Pavão [1939]
- Moderato
- Variações I a XVI
- Finale
25 MIN