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SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
30
out 2014
quinta-feira 10h00 Ensaio Aberto
Ensaio Aberto: Skrowaczewski e Suwanai


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Stanislaw Skrowaczewski regente
Akiko Suwanai violino


Programação
Sujeita a
Alterações
Alban BERG
Concerto Para Violino - À Memória de Um Anjo
Anton BRUCKNER
Sinfonia nº 4 em Mi Bemol Maior, WAB 104 - Romântica
INGRESSOS
  R$ 10,00
  QUINTA-FEIRA 30/OUT/2014 10h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa
O Concerto Para Violino foi escrito por encomenda do violinista norte-americano Louis Krasner. Na época, Alban Berg estava compondo a ópera Lulu e recebeu a trágica notícia da morte de Manon Gropius, filha de Alma Mahler-Werfel e Walter Gropius, arquiteto fundador da Bauhaus. Muito amigo da família, Berg decidiu homenagear a jovem de dezoito anos e incluiu na partitura do Concerto a dedicatória “Em memória de um Anjo”. Segundo Willi Reich, amigo e biógrafo de Berg, “tanto quanto seja possível transcrever um som musical em palavras […], a obra procura ser um retrato musical da jovem Manon”.

Concebido e escrito em aproximadamente cinco meses, o Concerto estreou em abril de 1936, no Palau de la Música, em Barcelona, sob regência de Hermann Scherchen, tendo Louis Krasner como solista. Essa foi a última peça completa composta por Alban Berg, cujo falecimento, três meses antes da estreia, daria ainda um outro sentido para esse réquiem. 

A peça se divide em dois movimentos, com subdivisões de andamento e caráter: o primeiro, em três seções (“Andante - Allegretto”), ilustra a infância e a juventude de Manon, incluindo também referências a valsas vienenses e a canções populares da Caríntia, região da Áustria na qual a jovem cresceu e onde o compositor a viu pela primeira vez. No segundo movimento (“Allegro ma Sempre Rubato - Adagio”), Berg descreve a doença, o sofrimento, a morte e a ascensão de Manon. A dramaticidade do “Adagio” é reforçada pela citação de um coral de Bach, “Es Ist Genug” [Já Basta], da cantata “O Ewigkeit, du Donnerwort” [Ó Eternidade, Palavra Estrondosa] BWV 60. 

Berg é sem dúvida o mais romântico dos três compositores da chamada Segunda Escola de Viena (da qual fazem parte também Anton Webern e Arnold Schoenberg). Seu uso do dodecafonismo no Concerto para Violino é bastante original. A série escolhida é formada por duas tríades2 maiores e duas menores e completada por quatro notas em intervalo de tons inteiros — Si, Dó Sustenido, Mi Bemol e Fá. Desse modo, tem-se uma série atonal com “características tonais”, configurando o “sentido duplo” da obra de Berg, como ressalta o filósofo Theodor Adorno, que foi aluno do compositor.3 A intensidade e o caráter expressivo, a combinação de tonalismo e sistema dodecafônico e a beleza de suas melodias, com citações de Bach e de melodias folclóricas austríacas, são alguns dos aspectos que fizeram do Concerto Para Violino uma das peças mais apreciadas da Segunda Escola de Viena. 

Apesar de ter sido praticamente autodidata, Bruckner estudou matérias teóricas com Simon Sechter, a quem sucedeu como professor no Conservatório de Viena. Entre 1861 e 1863, com quase quarenta anos de idade, teve aulas de música em Linz com o regente Otto Kitzler, que lhe apresentou a música de Richard Wagner. 

A escuta e a análise da ópera Tannhäuser e de outras obras do compositor alemão provocaram uma mudança decisiva no percurso de Bruckner. Até aquele momento basicamente ligado à música sacra, foi a descoberta de Wagner que o motivou a buscar formas musicais seculares e a compor suas sinfonias. 

Apesar de terem surgido quando ele já era um organista muito reconhecido, as primeiras sinfonias de Bruckner enfrentaram grande resistência por parte da crítica musical vienense. O compositor, um homem simples e católico fervoroso, para quem a música significava, sobretudo, uma possibilidade de louvar o Criador, se vê envolvido em brigas estéticas entre os admiradores de Brahms e os de Wagner.

Talvez influenciado pela severidade das críticas que recebia, Bruckner nunca ficava completamente satisfeito ao terminar uma obra, realizando inúmeras versões de suas próprias sinfonias, permitindo também a regentes e editores que suprimissem trechos das partituras ou alterassem alguns detalhes da orquestração. O caso da Sinfonia nº 4 não seria diferente. Ao terminá-la, em 1874, Bruckner provavelmente não imaginava que esperaria sete anos até a sua estreia, com a Filarmônica de Viena, sob regência de Hans Richter. Até lá, revisaria e, em parte, recomporia a obra, que teve grande sucesso e se tornou uma de suas peças mais conhecidas. 

Mestre de contrapontos complexos, Bruckner desenvolveu uma orquestração extremamente pessoal, densa, cheia de contrastes, tendo como inspiração o órgão, com suas diversas tessituras e possibilidades de superposições de planos e dinâmicas, que podem mudar bruscamente sem passar por crescendos e decrescendos. Essa particularidade é reforçada por sua vasta experiência como improvisador, que faz com que, em suas composições, haja sempre algo de imprevisível. 

A Sinfonia nº 4 é marcada por ritmos formados pela sobreposição de motivos binários e ternários (às vezes chamados de brucknerianos), que remetem a danças camponesas. Foi a primeira de suas sinfonias a ser escrita em tonalidade maior e é também mais ousada harmonicamente do que suas obras anteriores. Alternando passagens em maior e em menor, além de súbitas modulações enarmônicas ou cromáticas, obtém um efeito sonoro que remete à técnica pictórica do chiaroscuro (luz e sombra).

Bruckner acrescenta à sua Sinfonia nº 4 o subtítulo programático Romântica, por alusão ao romance medieval e a sentimentos bucólicos, tais como estes se apresentam nas óperas Lohengrin e Siegfried, de Wagner. A peça inicia com o tremular das cordas, representando o ruído da floresta, e uma melodia na trompa, anunciando o dia.

O segundo movimento tem caráter extremamente melancólico: é, como descreveu Bruckner, uma prece, em forma de Lied

O tema inicial do “Scherzo” do terceiro movimento é tocado pelas trompas, às quais são acrescentadas chamadas de outros metais, como se fossem caçadores respondendo uns aos outros. Segue-se um “Trio” quase todo em pianissimo, com uma suave melodia, que o compositor descreve em suas anotações como um “tema de dança de caçadores durante uma pausa na floresta”. 

Bruckner reescreveu três vezes o último movimento, e o espírito vivo e alegre da descrição original da partitura — “Volksfest” (festa popular) — acabou se perdendo. A versão definitiva, que inclui breves lembranças dos temas precedentes, contribui para conferir à obra seu caráter dramático. 
SILVIA OCOUGNE é compositora, mestre pelo New England Conservatory of Music, em Boston.

1. Reich, Willi. The Life and Work of Alban Berg. Trad. Cornelius Cardew. Nova York: Da Capo Press, 1981.
2. Tríade: acorde tonal elementar formado pela sobreposição de terças (Dó-Mi-Sol, por exemplo). (n.e.)
3. Adorno, Theodor. Berg: O Mestre da Transição Mínima. Trad. Mario Videira. São Paulo: Editora Unesp, 2010.3

STANISLAW SKROWACZEWSKI regente
AKIKO SUWANAI violino

ALBAN BERG [1885-1935]
Concerto Para Violino [1935]
- Andante - Allegretto
- Allegro ma Sempre Rubato - Adagio
22 MIN
______________________________________
ANTON BRUCKNER [1824-96]
Sinfonia nº 4 em Mi Bemol Maior, WAB 104 - Romântica [1873-4]
- Bewegt - Nicht zu Schnell
- Andante Quasi Allegretto
- Scherzo e Trio
- Finale
65 MIN