Temporada 2024
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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
21
nov 2014
sexta-feira 21h00 Sapucaia
Temporada Osesp: Sir Richard Armstrong e Hough


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Sir Richard Armstrong regente
Sir Stephen Hough piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Robert SCHUMANN
Concerto Para Piano em Lá Menor, Op.54
William WALTON
Sinfonia nº 1
bis
quinta
Frédéric CHOPIN
Noturno em Mi Bemol Maior, Op. 9  nº 2
sexta
Edward ELGAR
Salut d’Amour, Op. 12
sábado
Oscar Lorenzo FERNANDEZ
Suíte Brasileira nº 1: Suave Acalanto
INGRESSOS
  Entre R$ 36,00 e R$ 166,00
  SEXTA-FEIRA 21/NOV/2014 21h00
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa
O Concerto Para Piano em Lá Menor, de Robert Schumann, foi completado em 1845, mas suas origens se encontram alguns anos antes, num período que é provavelmente o mais fértil de sua carreira e o de mais plena felicidade em sua vida pessoal. Para melhor entender esse momento, vale a pena retroceder um pouco. Durante a década de 1830, Schumann passou anos de aflição e espera pelo amor de Clara, jovem e talentosa pianista, filha de seu professor Friedrich Wieck. O pai da moça fez o que pôde para separar o casal, que se comunicava apenas por meio de cartas secretas. Em 1837, assumiram um compromisso às escondidas e, em 1839, tomaram medidas legais que tornaram desnecessário o consentimento de Wieck.

Ao mesmo tempo, Schumann vivia o dilema de ser um virtuose do piano ou um compositor, e os esforços desesperados para desenvolver a técnica pianística acabaram por prejudicar seriamente dois dedos de sua mão direita. Todo esse processo resultou em períodos de depressão profunda. Ainda assim, durante a década de 1830, escreveu grande parte de seus ciclos para piano hoje célebres, como Carnaval Op.9, Cenas Infantis, Estudos Sinfônicos Op.13 e Kreisleriana.

Vencida essa etapa de aflição e dificuldades, o casal Clara e Robert Schumann conseguiu oficializar sua relação em 1840. Chegamos então ao período mencionado no início: nesse mesmo ano de 1840, Schumann escreveu nada menos do que 138 dos seus 248 Lieder — incluindo alguns de seus melhores ciclos, como o Dichterliebe. Se este foi o “ano da canção”, o seguinte seria o das primeiras realizações sinfônicas. Sobre 1841, Schumann escreveu em seu diário: “Poucos acontecimentos, felicidade plena”.1

É certo que se referia ao contentamento que a união com sua amada Clara lhe trazia e da qual nasceria uma extensa prole de treze rebentos. Além disso, a verve criativa do compositor continuou intensa, e ele se voltou para a música orquestral, escrevendo, entre outras, sua Sinfonia nº 1 e iniciando a nº 2. Nesses trabalhos, nota-se a importância atribuída à unidade temática entre os movimentos, paradigma amplamente explorado no período romântico, em formas que vão desde a ideia fixa (idée fixe) proposta por Berlioz na Sinfonia Fantástica até o leitmotiv das óperas de Wagner.

É também em 1841 que ele compõe a Fantasia Para Piano e Orquestra, dedicada a Clara. Se a Fantasia acabou por desaparecer do repertório, é apenas porque ela se tornou o primeiro movimento do Concerto Para Piano, que Schumann terminou em 1845, e é, provavelmente, sua obra mais famosa.

As oscilações de humor que caracterizam muito da música de Schumann estão expressas de modo bem claro neste Concerto. No entanto, como em suas demais obras orquestrais, há uma clara preocupação de unidade temática, que não foi afetada pelo intervalo entre a composição do primeiro movimento e a dos demais. Em contraste com boa parte do repertório romântico, no qual um concerto é também um veículo para a exibição de virtuosidade do solista (como no caso de algumas obras de Liszt e dos concertos de Paganini), aqui o piano, acima de tudo, dialoga de maneira profunda com a escrita orquestral. Logo após a introdução, é apresentado o primeiro tema, a principal fonte de material melódico de toda a peça. Ainda que as demandas técnicas para o solista não sejam poucas, elas se relacionam sempre ao desenvolvimento temático e à estrutura geral da peça, escrita em três movimentos.

Sir William Walton faz parte de uma geração de compositores ingleses que, no século XX, retomam uma tradição composicional há muito apagada. Menos conhecido do que seus contemporâneos Ralph Vaughan Williams e Benjamin Britten, Walton possui uma produção respeitável tanto na música de concerto — o que inclui sinfonias, concertos e óperas — quanto na música para cinema — foi autor das trilhas sonoras de clássicas adaptações de Shakespeare por Laurence Olivier. Se seus detratores o acusaram de passadista e reacionário, outros críticos afirmaram que Walton, como muitos de seus contemporâneos, foi um compositor de verve lírica que não se adaptava às tendências modernistas exigidas dos seus contemporâneos.

Sua Sinfonia nº 1, composta entre 1931 e 1935, consolidou uma fama que havia sido construída com peças como Façade e Belshazzar’s Feast. Walton cedeu aos apelos do regente Hamilton Harty, que interpretou com a Sinfônica de Londres, em 1934, uma versão inacabada da peça, com apenas três movimentos, obtendo grande sucesso — o que animou o compositor a finalizá-la.

Já foi dito que esta obra deve muito a influências jazzísticas. Não é impossível, mas a energia rítmica da Sinfonia nº 1 é típica de Walton, tanto quanto os temas motívicos que se desenvolvem a partir de pequenas células lembram Sibelius. Curiosamente, a abertura da obra guarda similaridade com o início de Assim Falou Zaratustra, de Richard Strauss.

A primeira récita completa da Sinfonia nº 1 foi em 6 de novembro de 1935, com o mesmo Hamilton Harty, dessa vez regendo a Sinfônica da BBC. O maestro também realizou a primeira gravação da peça, em 1935, com a Sinfônica de Londres.

CAMILA FRÉSCA é jornalista, autora de Uma Extraordinária Revelação de Arte - Flausino Vale e o Violino Brasileiro (Annablume, 2010) e doutoranda na ECA-USP.
1. Massin, Brigitte, “Robert Schumann”. In: Massin, Jean & Brigitte (org.). História da Música Ocidental. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 730.


SIR RICHARD ARMSTRONG regente
STEPHEN HOUGH piano

ROBERT SCHUMANN [1810-56]
Concerto Para Piano em Lá Menor, Op.54 [1841-5]
- Allegro Affettuoso
- Intermezzo: Andantino Grazioso (Attacca)
- Allegro Vivace
32 MIN

______________________________________

WILLIAM WALTON [1902-83]
Sinfonia nº 1 [1931-5]
- Allegro Assai
- Presto Con Malizia
- Andante Con Malinconia
- Maestoso: Allegro, Brioso ed Ardentemente
43 MIN